Tem algum tempo que eu tento promover a autonomia em Mirela, a pedido (quase ordem) da minha psicóloga e também da psiquiatra. Para isso, tenho desenvolvido a técnica de fazer Mirela sempre dizer o que quer: a roupa para sair, o que quer comer, que brinquedo quer usar, qual cd escutar, enfim…Tudo com bom senso, oferecendo algumas opções básicas de cada coisa, é claro, senão my little girl é capaz de sair de casa para o parquinho com vestido de festa e crocs nos pés… E quando ela pede uma coisa absurda, tipo chocolate ao invés de arroz, feijão e carne, recebe o não com a devida explicação. Claro que vem alguma contrariedade, as vezes com drama, choro, mas isso também faz parte. A frustração é importante para o desenvolvimento da criança, pois irá permear eternamente o universo do ser humano.
Para a técnica funcionar, preciso dizer a ela : “escolha, filha!”; ou então: “Mirela, o que é que você quer?”, o que em mirelês virou : “mamãe, escolha!” – TECLA SAP: “mamãe, deixa eu escolher!”; ou então: “mamãe, quequecequé?” – TECLA SAP: “mamãe, deixa eu escolher o que eu quero!”. Claro, porque ela tá na fase de repetir o que a gente fala e ainda não conjuga os verbos em primeira pessoa (achulindu!).
E aí, qual a importância disso? Bem, como toda mãe de primeira viagem, cometo excessos (e o pai também); acho que todas nós acabamos tendo surtos de superproteção (quem tá de fora dessa levanta a mão!). Assim, corro (corremos) o risco de tornar nossos filhos dependentes demais de nós, mini-seres sem autonomia, sem poder para decidir sequer a colher que querem usar no almoço.
Por falar em colher e almoço, esta é uma das questões que mais tenho que me policiar. Pela idade, Mirela já deveria estar comendo (derramando) tudo sozinha. Sei que ela sabe comer, pois muitas vezes ela própria me corrige, toma a colher da minha mão e manda brasa. Mas o medo de que ela não coma o suficiente acaba me fazendo podá-la desse grande salto para a independência: comer como quer e o quanto quer. A velha pergunta: você, pai ou mãe, gosta de comer a força, sem vontade? A resposta é N-A-O-til! Então, porque obrigá-los a comer, hein? (Todo dia me pergunto isso, mas parece que não adianta.)
Em outros aspectos, até que as coisas caminham bem, rumo à independência (dela e nossa). Tenho absoluta certeza de que a implantação de rotinas desde que Mirela era bebê tem contribuído para varios avanços. Mirela sabe a hora de escovar os dentes, de tomar banho, de dormir, dentre outras coisas, e se encaminha sozinha para essas tarefas, muitas vezes nos chamando e não o contrário. Nessas horas, vem demonstandoo mais traços de independência, tirando a propria roupa e verbalizando: “tira a busa, tira shoti, tira foda, tira cocs” (TECLA SAP: “tira a blusa, tira short, tira fralda, tira crocs).
A entrada de Mirela na escola, mais do que uma decisão, escolha e iniciativa nossa, foi também recomendação das minhas terapeutas, que perceberam que se Mirela continuasse apenas sob nossos supercuidados, poderia começar a se tornar uma criança insegura e sem iniciativa. Assim, aprovamos todo o trabalho da escola que envolva tomada de decisões, que só vem nos acrescentar junto à formação de Mirela como indivíduo livre e pensante, capaz (ainda não totalmente, é claro) de fazer escolhas por si mesma, ainda que sejam erradas e precise voltar atrás, afinal é assim que aprendemos a viver.
eh isso ai maninha!! adorei sua psico e sua psiqui! ehehehe
Mais uma vez ótimo tema, Tati!
Bjim
Oi Tati, adorei o post!!! Me chamou a atenção a história da comida, pois no momento estou lendo um livro ótimo do pediatra Carlos Gonzalez chamado: Mi niño no me come (vc conhece???) e fala extamente desse dilema da mãe, de achar que o filho come pouco, que deve comer mais… eu mesma já estava entrando nessa, sem saber se meu baby tava mamando muito ou pouco, affff…a gente se preocupa por tudo né…Enfim, fica a dica do livro! E tenho certeza que Mirella é uma mocinha bem espertinha e decidida viu!!! Posta alguma fotinha dela recente pra gente ver!
Beijocas!