Maternidade: experiência para toda a vida

Detalhes de uma lua de mel…

Domingo, 20 de março de 2011. Oito anos de casados.

Quem pensa que vai ler abaixo as confissões sexuais de um casal recém casado, está enganado; pode mudar de site, desligar o pc, entrar num site mais picante…

A história que virá a seguir é a hilária história da nossa lua de mel, ocorrida há exatos 8 anos atrás. Resolvi escrevê-la como homenagem de aniversário de casamento, para que um dia Mirela possa rir das comédias pelas quais seus pais passaram logo nos primeiros dias de casados…Nada de sacanagem, hein?! Eu sei, é gigante…mas vale a pena! Você nunca mais ouvirá uma história de lua de mel com tantos acontecimentos emocionantes! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Bem, nosso casamento foi simples, no civil apenas, seguido de uma palavra de um amigo pastor e uma pequena recepção para 30 pessoas. Foi opção nossa, já que resolvemos investir na compra do apartamento, devidamente quitado e mobiliado para entrarmos nele sem dívidas. Assim, nossa lua de mel também foi escolhida de modo econômico, só para não passar em branco, mas também não precisava ser assim como foi…O pacote dos acontecimentos não estava incluso no roteiro! rsrsrsrs

Casamos numa quinta-feira, dia 20/03/2003 (data bem redondinha, né? escolhida a dedo) e da cerimonia seguimos para o nosso apartamento, onde passamos a primeira noite para, então, no dia seguinte, partirmos em viagem para uma região serrana do Ceará – Guaramiranga, mais precisamente Mulungu, onde ficaríamos no hotel dos alemães (o nome é “inescrevível”! ahahahahaha).

Acordamos até relativamente cedo no dia seguinte ao casório, pois a ideia era chegar na serra pela hora do almoço. Assim eu tinha combinado com a dona do hotel. Então, pasamos na casa da minha mãe para deixar o meu vestido, que fora alugado, para ser devolvido e para nos despedirmos. Aproveitei e dei mais um tchau para o Boopie, meu cachorro de estimação que tinha acabado de completar 15 anos (dia 16/03), pois ele ficaria na casa dos meus pais depois que me casei.

Até aí, tudo tranquilo…ok, ok, eu sei…Mas vamos seguindo em direção ao centro da cidade onde eu precisava parar para encher o tanque num posto em que eu tinha convênio para seguirmos viagem. Fui dirigindo porque eu era a dona do carro, autorizada a abastecer. Tanque cheio no carro devidamente revisado e preparado para subir a serra em março, época de chuva (dia 19 de março é dia do padroeiro do Ceará, dia de São José, no qual a galera acredita que faz chover e garantir boas safras se chover bem nesse dia – ou seja, aqui, é período de chuva…), lá fomos nós, até que…IRRRRUUUUUUUUUUMMMMMMMM (som de freada)…BUMMMMMMMMMMM (som de batida forte)…

- Você é loooooooooooooooouco! Como é que você faz uma coisa dessas! Você acabou com a nossa lua de mel (grito enlouquecido de uma recém casada esbravejante que estava ao volante viajando com o marido para a lua de mel quando foi interrompida por um ridículo que avançou a preferencial e quase, por muito pouco, não acaba preso por homicidio culposo – aquele sem intenção de matar, pois por questão de milímetros ele não acertou em cheio a minha porta e me matava de vez…)…

Pois é…O maluco acabou com nosso dia, que se seguiu com toda a chatice e burocracia de juizado móvel, guincho, seguradora pra lá e pra cá…Um sacooooooooo!!! Mas que pela graça de Deus não foi pior (poderia ter acabado em hospital, tão feia foi a batida!).

E aí, como viajaríamos? A opção era pegar o carro do meu marido que ficaria na casa dos pais dele até nossa volta. E assim, o fizemos. O detalhe que não posso deixar de falar: enquanto meu carro, um Kazinho novinho na época, estava todo ok para a viagem, o dele, um Gol geração I, aquele ainda quadradinho, sabe, não estava nada preparado para seguir viagem…Mas meu marido não achou que devíamos abrir mão da viagem (o hotel já estava pago, inclusive!) e que poderíamos ir no carro dele sim…

Ao chegarmos na casa dos meus sogros para pegarmos o carro nada preparado, aproveitei para ligar para meus pais e contar todo o acontecido, e avisar que estávamos bem e que seguiríamos viagem ainda naquela tarde (sim, a essa altura do campeonato, já passavam de 3h da tarde)…De repente, minha mãe, com a maior sutileza, e ainda por cima depois do que eu acabara de contar sobre o nosso acidente, me veio com a notícia: “Tati, o Boopie, acabou de morrer!”

- O quêeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee??????????? (grito de uma recem casada que viajava para a lua de mel, em cujo carro bateram e cujo cãozinho de estimação de 15 anos acabara de morrer)…

- Buáaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa (choro, muito choro, seguido de muito “tenha calma” da minha sogra e do meu marido). EU NÃO VIAJO MAIS, CHEGA! NÃO É PARA VIAJARMOS!!! É MUITA COISA RUIM ACONTECENDO AO MESMO TEMPO!

Marido tentando ficar calmo (aliás, ele é a calma em pessoa):

- Vamos sim, meu amor, tenha calma, passou, vai dar tudo certo!

Sogra tentando me convencer que estava tudo bem:

- Foi um livramento! Aconteceu com seu cachorro para não acontecer com vocês!

- Buáaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!

Depois de muitos litros de lágrimas, finalmente me convenceram a subir a serra…Já era por volta de 17h…

Ainda tivemos o sangue frio de ir na oficina onde meu Ka tinha ficado e passarmos a gasolina do então tanque cheio dele para o Gol, ahahahahahahahahahahahaha, acreditam nisso? Ora, que a gente não ía deixar a gasolina pra oficina gastar nem a pau!

E, mais calmos, lá fomos nós, pegar a estrada desconhecida para ambos, com o anoitecer batendo na porta…

Quando começamos a subir a serra, o Gol geração I 1.0 logo mostrou que não era um carro ideal para viagem…E subíamos 30km/h, sem exagero nenhum…e a noite chegou! E nós subindo a serra, na estrada vazia e escura, sem contato por celular com a civilização…As únicas “coisas” que passavam por nós de vez em quando eram alguns motoqueiros, também, bem devagarzinho…E nós apavorados (só falamos isso um para o outro, depois que chegamos a salvo no hotel…), com medo de serem assaltantes, e nós naquela velocidade máxima de 30km/h, sermos alvos fáceis… Enquanto isso, eu agarrava a Bíblia que minha sogra tinha mandado eu levar e nós estávamos emudecidos, sem forças e nem coragem para uma risadinha (só se fosse de nervoso!).

De repente, começa a piscar uma luzinha vermelha no painel do carro…Acendia, apagava e depois voltava a acender…Eu não quis dizer nada, mas meu marido quebrou o gelo: “deve ser mal contato!” e eu: “ah, é?!”…Morrendo de medo!

Como a estrada era desconhecida para nós, e a escuridão nos impedia de ver mais do que um palmo a nossa frente, acabamos passando da entrada de Mulungu e fomos bater em Guaramiranga, alguns quilômetros à frente e, só lá, quando nos demos por perdidos, é que conseguimos o sinal do celular para ligar para o hotel e perguntar o caminho…

-Alôhhh! Meu Deus, Dona Tahatiana (a dona do hotel com sotaque alemão-cearense)! Nós estávamos preocupados, pois aguardávamos a sua chegada ao meio dia…e já são quase 21h!

- Pois é, então, espera aí que a gente já chega, se conseguirmos é claro encontrar a estrada certa! Depois eu conto o que aconteceu!

Lá se fomos nós até enfim chegarmos ao hotel.

A pobre dona alemã ficou um palmito de branca depois que contamos bem por cima os últimos acontecimentos. E assim, se pôs a fazer o nosso chek in expresso…

Exaustos como estávamos, vocês devem imaginar que este casal aqui não levou a cabo os acontecimentos de uma verdadeira lua de mel naquela noite, não é? Afinal, tínhamos mais dois dias pela frente (isso mesmo, íamos passar míseros 3 dias na serra, sendo que um deles havia ido para o ralo!)…

No dia seguinte, sábado, pudemos curtir o café da manhã, acabei encontrando uma amiga que fazia um programa local de tv sobre viagens e off road e até demos entrevista. Decidimos então pegar o carro e subir ao ponto mais alto da serra (nem me lembro do nome do lugar! Pico Alto, eu acho!)…Subimos com a maldita luz do painel do carro piscando. Lá em cima, serração total…nas fotos, quase saímos sem cabeça porque as nuvens cobriam-nas. E paisagem, não deu pra ver absolutamente nada lá de cima…Descemos, e a luz do painel piscando…Mas nesse dia, pasmem, tudo correu até bem. Ficamos um pouco em Guaramiranga e retornamos ao hotel.

Acreditem, tem um detalhe sordido neste nosso período de lua de mel: foi beeeeeem na época em que os EUA invadiram o Iraque, de modo que TODOS OS CANAIS DE TV, INCLUSIVE A CABO, SÓ FALAVAM NISSO…TV não era uma boa opção mesmo, então enfim pudemos namorar um pouco e dormir.

Domingo, já iríamos embora e decidimos que, por segurança, partiríamos logo após o almoço, pra não pegar estrada a noite…Nossa, tudo o que menos queríamos era mais problemas na volta pra casa…

Começamos a viagem de volta em torno das 14h. Estaríamos no aconchego do nosso novo lar por volta das 17-18h no máximo…ok!

Descida de serra, velocidade mais rápida, dia claro (apesar da chuva)…Seria uma viagem tranquila.

Na saída da cidade, passamos por um senhor vendendo jaca (eu adoro jaca)…E resolvemos parar e levar uma. Marido desceu, comprou a bendita jaca e…na hora de dar a partida do carro…cadê??? A chuva caía fina ainda; o “jaqueiro” ajudou meu marido a empurrar o carro e, oba! Pegou no tranco, ufa! Podia ser bateria…bem que a luzinha vermelha no painel vinha avisando…Por via das dúvidas, nada de faróis acesos, nem limpador de pára brisas e muito menos rádio funcionado, para economizar a bateria, sei lá…

A chuva começou a apertar e nós, sem as mínimas condições de segurança (faróis off e pára brisa encharcado; o rádio seria um luxo naquela situação). Velocidade controlada para menos, já que o perigo era grande, pois não enxergávamos nada, apesar de ser de dia ainda. De repente…o carro parou de novo, sozinho andando, dessa vez…Só que não tinha nenhum “jaqueiro” para ajudar a empurrar, a chuva estava de cair e doer nas costas de tão forte, de modo que não havia viva-alma na estrada…Marido não pensou duas vezes: desceu do carro e foi empurrando o sozinho pela janela, tentando fazer o carro ganhar velocidade e pegar no tranco…Funcionou! Ufa, de novo! Agora vamos! Isso seria bom se não tivesse acontecido a cada 1km que o carro andava – e assim, meu marido veio empurrando o carro dele sob chuva forte de Baturité a Fortaleza, de km em km!

Quando entramos na cidade, foi um alívio. Agora só tínhamos que ir na única oficina 24h que existe por aqui e ver o que aconteceu com o carro, para enfim podermos ir pra casa.

Porém, para chegarmos na tal oficina, ainda com o carro naquele estado de empurra-pega-morre-empurra-pega-morre, precisávamos cruzar simplemente uma rotatória do estádio Castelão, no qual estava ocorrendo o clássico-rei daqui: Ceará X Fortaleza. Ou seja, um entupimento geral de carros na rua, torcedores enlouquecidos, bêbados, enfim…Imagina cruzar essa loucura toda empurrando um carro?! Ainda escapamos de ser assaltados, tenho certeza, pois um bando de 3 rapazes perguntou se queríamos ajuda, mas não estavam com a mínima cara de quem ía nos ajudar…

E nessa lenga-lenga, eu dentro do carro orando desesperadamente, muda, calada, quase morta na verdade, de tanto medo, meu marido fazendo seu exercício forçado, conseguimos chegar à oficina! Quisera eu que a desgraça fosse logo maior e o problema que nos deixou na mão custasse mais caro, mas era uma peça ridícula que, com a mão de obra, nos custou apenas 50 reais numa oficina 24h…o preço da nossa volta da lua de mel…

E assim, exaustos, destruídos, porém unidos,fomos para o aconchego do enfim lar doce lar!

MORAL DA HISTÓRIA:

Desgraça pouca é bobagem, eu sei! Mas a partir daí, decidimos que enfrentaríamos os problemas de frente e juntos, sempre. Começar um casamento assim não foi nada agradável, mas se foi esse o preço a pagar para provar que estamos juntos e misturados para tudo o que acontecer nas nossas vidas, o preço foi muito bem pago, e Deus tem nos abençoado nesses 8 anos através dos quais muitos sonhos nossos foram realizados, inclusive o de constituir uma família completa.

MENSAGEM FINAL PARA O MARIDO:
Meu amor, passarão 8 e mais 8 e mais 8 anos e eu nunca esquecerei dessa história…Porque dela tiro a verdadeira lição: devemos ser um casal unido na alegria e na tristeza, do começo ao fim, até que a morte nos separe. E que os anjos digam amém!
Te amo hoje e sempre!

Feliz dia 20 – o nosso dia 20!

5 comments

  1. Mô… essa história jamais vou esquecer…. eu também me lembro de cada detalhe, de cada situação que passamos juntos neste final de semana e ainda não tinha Deus no meu coração e hoje tenho certeza que é a prova de que ele existe pois ele não nos abandonou e chegamos são e salvos em casa.

    O que eu tenho pra te dizer é o seguinte: eu faria e passaria por tudo novamente, mesmo sabendo dos riscos, porque meu amor por você vai muito além!

    Obrigado por tudo, por compartilhar a vida ao meu lado mesmo sabendo que os momentos serão alegres ou tristes mas podemos fazer desses momentos inesquecíveis, como foi este.

    Te amo muito!

  2. eita, tati! essa história tem que ser mesmo contada e recontada pras próximas gerações! ñ é todo mundo que tem uma lua de mel tão especial assim!! hihihi
    bjim

  3. Tati.rsrsrsrsrssrs.kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Quasei me acabei de tanto dar risada da história de vcs… Muito hilária mesmo,
    Meus parabéns, que Deus continue unindo vcs através de coisas ótimas que aconteçam em suas vidas.rsrsrs
    Deus é maravilhoso..
    Obrigada por vc existir e escrever tão bem, fiquei imaginando vc contando essa história..rs
    rsrsrssr
    Nem te conheço, mas já me divirto contigo a cada leitura de seus escritos..
    beijos

  4. kkkkk… Tati, minha nossa que lua de mel foi essa??? É bem aquela comunidade do orkut “Depois que passa a gente ri” … Enfim deu tudo certo e vocês tem mais essa história para contar!!!
    Beijossssssssss

  5. Jesus, apesar de tudo essa história esta fazendo muita gente rir agora, inclusive eu. Parabéns pelos 8 anos.

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